sexta-feira, julho 06, 2007

De Sarriá a Puerto la Cruz














Dante Baptista

Há 25 anos, o futebol brasileiro (e mundial) sofria um dos seus mais duros golpes na sua história. No Estádio Sarriá, em Barcelona, o timaço do Brasil, comandado por Telê Santana, perdia para a pragmática, defensiva e boa Itália, 3 a 2. Sócrates e Falcão marcaram para o Brasil, enquanto Paolo Rossi anotou os três gols italianos, que se sagrariam campeões.

No imaginário brasileiro, aquele jogo ainda não acabou. Muitos torcedores, admiradores daquele time (Em tempo: Valdir Peres, Leandro, Oscar, Luisinho e Junior; Cerezo, Falcão, Sócrates e Zico; Éder e Serginho) imaginam como seria se o Brasil tivesse ganho aquele jogo.

O que ia acontecer em caso de vitória, eu não sei. Mas, mesmo tendo nascido três anos depois daquela partida, sei o que aconteceu com aquela derrota.

O futebol ofensivo, a preocupação em fazer os gols, morreu. Prevaleceu o modo de jogar italiano, precavido na defesa para depois pensar em atacar. Como uma tática de guerra: anule o adversário, domine os espaços e depois vença. O blog já falou desse assunto em um de seus
primeiros posts.

Mas, o que aquela derrota tem a ver com essa Seleção?

É simples. Analise os dois meio-campos. Em 82, jogavam Cerezo, Falcão, Sócrates e Zico. Na última partida, Mineiro, Josué, Gilberto Silva e Júlio Baptista. Dunga, hoje técnico da Seleção, prega o futebol pragmático, de resultados, sem a mínima preocupação com o futebol bem jogado. Espetáculo é a vitória.

Dunga, que era o capitão e símbolo máximo do time de 1994, campeão mundial jogando um futebol de resultados, com pouca técnica.

E, sempre que é perguntado se a Seleção Brasileira não precisa jogar bonito, a resposta é a mesma. "Já vi muito time jogar bonito e perder".

Ou seja, 25 anos depois, aquela partida no Estádio Sarriá (que não existe mais) ainda rende reflexos no pensamento brasileiro e, como principal efeito daquele jogo, está o fato de o Brasil ter deixado de ser Brasil, ter deixado de encantar pelo talento, pela técnica, pelo toque de bola.

Porém, eu ainda acredito que outro futebol é possível. Jogar bonito não é algo tão distante do futebol brasileiro, até porque, antes de mais nada, jogar bonito é jogar bem. Não precisa firula, basta ter competência, eficiência e pelo menos um jogador de talento. Os últimos grandes times (Boca 2007, São Paulo 2005/2006, Barcelona 2004 a 2006) eram times que, antes de mais nada, eram competentes.

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