quinta-feira, dezembro 21, 2006

A melhor defesa é o ataque

Por Fabio Sanches

Discutível. Pode-se dizer até que esta lógica está ultrapassada, principalmente em um esporte como o basquete. Mas o time do Phoenix Suns, liderado pelo experiente Steve Nash, mostrou o contrário, após vencer quinze partidas consecutivas priorizando o poder ofensivo.
No início da temporada, este mesmo time perdeu cinco dos seis primeiros jogos disputados. Foi criticado por seu jogo ofensivo e muitos diziam que a temporada do Suns seria desastrosa.
O time marcava cerca de 100 pontos por partida, mas tomava 110. Em vez de melhorar a defesa, melhorou o ataque, passando a marcar uma média de quase 115 pontos por partida.
Simplesmente incrível. Seis jogadores anotam mais de dez pontos por partida. O ritmo dos jogos é alucinante, a pontaria é certeira e as jogadas são bem trabalhadas.
Quem saiu ganhando? O próprio time e seus jogadores. O time já tem 18 vitórias, Nash é o líder em assistências na liga e Leandrinho está cotado para jogar o All Star Game.
Curioso para assistir? Bem, infelizmente a tv aberta brasileira não transmite jogos da NBA e a ESPN conta com apenas alguns. Resta-nos chupar o dedo e não assistir às incríveis atuações deste ofensivo Phoenix Suns.

Herói ou vilão?

por Dante Baptista

Com a mesma voracidade que a imprensa e o senso comum qualificou Ronaldinho Gaúcho como um dos maiores da história (a revista Época chegou a questionar se era melhor que Pelé), hoje a afirmação é de que o camisa 10 catalão seria um 'amarelão'. Ou Ronaldinho 'Apagucho', para o 'jornalista' Milton Neves.

Os argumentos usados são válidos. Ronaldinho fez uma péssima Copa em 2006, não levou o Barcelona ao título Mundial de Clubes, não brilhou na final da UEFA Champions League e o principal, que não repete as atuações do Barça na Seleção Brasileira, motivo que o levou para o banco de reservas na Era Dunga. Ou seja, nos momentos decisivos, ele falha.

De fato, as atuações de Ronaldinho nas finais citadas não foram realmente boas. Mas, para se chegar a uma final, é necessário vencer durante todo um campeonato. E isso, Ronaldinho e suas equipes sabem muito bem como fazer. E nós somos os primeiros a ficar enbasbacados com as jogadas geniais de Ronaldinho no decorrer dos campeonatos.

A imagem na seleção ficou arranhada na Copa de 2006. A fraca atuação no campeonato (apesar de uma ótima partida contra o Japão), somada à expectativa pelo hexacampeonato e a frustração gerada transformaram o camisa 10 da Copa em camisa 20 sob o comando de Dunga, sob a justificativa de que não está bem na seleção. Já diz o ditado "quanto maior a vidraça, maior a pedrada

No meu entender, Ronaldinho é, pela sua habilidade e genialidade, a maior 'vítima' da cultura do futebol brasileiro, que trata o jogador como uma máquina e ainda despreza qualquer colocação que não seja o primeiro lugar. Se joga bem, é sua obrigação, já que é um jogador habilidoso. Se não joga, fugiu da responsabilidade ou é frequentador da noite, ou por causa das propagandas que faz. O simples fato de não estar em um bom dia é inaceitável.

Essa cultura, que fez Rivelino sair do Corinthians pela porta dos fundos, que afirma que Zico só jogava no Maracanã e Ronaldo em vilão na Copa de 98. E ainda enaltece Basílio, Belleti e agora Adriano Gabiru. Entre os amarelões e os heróis das conquistas, qual você contrataria para o seu time?

quarta-feira, dezembro 20, 2006

Um esporte, diferentes escolas

por Dante Baptista

Quando comecei a me interessar por futebol, lá pelos meus sete anos, meu pai me explicou o princípio básico do esporte por meio de uma lógica simples. "Se você fizer um gol a mais que o seu adversário, você ganha o jogo." Ou seja, ganhar por 8x7 ou 1x0 tem o mesmo efeito.
Não tinha me dado conta na época, mas meu pai havia me ensinado o 'Brazilian Way' de jogar futebol, que prioriza o ataque, o jogo bonito (sem alusões a marcas esportivas).

Depois de muitos anos, ouvi o comentarista italiano Claudio Carsughi dizer que "Se o seu time não tomar gols, ele não perde o jogo. No máximo empata". Lógica simples, também: o pior que pode acontecer é um 0x0, que vale um ponto. Essa frase resume o modo italiano de jogar, primeiro na preocupação defensiva, para depois atacar. A visão de esporte semelhante á tática de guerra. Anular o adversário, ocupar os espaços e construir a vitória.


Duas concepções totalmente diferentes, mas que levam a uma grande discussão. Quem está certo, o brasileiro ou o italiano? Qual é o melhor jeito de jogar? Ofensiva ou defensivamente? As duas culturas somam 9 títulos mundiais, em 18 disputados, com vantagem para o Brasil, 5x4.

Um brasileiro argumentaria que o objetivo do futebol está no gol. E para fazer o gol é necessário atacar, passar pelo adversário com dribles, bons chutes, jogadas de ataque. E, para quem assiste, nada mais prazeroso do que ver um jogo repleto de alternativas, com habilidade; já que o esporte é um espetáculo para o público. E, mesmo sendo um negócio, entretenimento tem que ser algo prazeroso para quem paga, e nada melhor que um futebol bonito.

Já o italiano argumentaria que não importa uma ótima equipe, que ataca e oferece espaços. Se o objetivo do jogo é vencer o seu adversário, não se pode dar espaços para ele. O mundo já viu grandes times, que perderam. Exemplo maior disso foi a Seleção Brasileira de 1982, que tinha um time espetacular, mas não se preocupava tanto com a defesa. Futebol hoje é negócio, e nenhum executivo gosta de prejuízos.

E você, leitor? de qual lado fica?

Melhor do mundo?

o zagueiro Fabio Cannavaro recebe o troféu de melhor do ano

por Dante Baptista

A tradição se confirma. Assim como Romário (94), Zidane (98) e Ronaldo (02), o zagueiro italiano Fabio Cannavaro foi eleito o melhor do mundo em 2006 pelo seu destaque na Copa do Mundo.

Não contesto a votação de um zagueiro, ainda mais num ano em que os sistemas defensivos foram os destaques, mas Cannavaro não brilhou durante toda a temporada. Fez, no máximo um bom primeiro semestre. Ronaldinho foi melhor e mais regular durante todo o ano. Liderou o Barça na Champions League e no Campeonato Espanhol. Voltou à sua melhor forma no segundo semestre, mas o fracasso na Copa (não só dele, mas da Seleção) foi determinante.

Mas e o Zizou? Pelo conjunto da Obra, pelas partidas memoráveis na fase final do Mundial, tudo bem; mas seu primeiro semestre no Real Madrid foi desastroso. Me vem na cabeça a partida Real Madrid x Arsenal, que o craque francês mal conseguia correr e foi presa fácil para Gilberto Silva. Os Gunners venceram com um gol do seu compatriota, Henry, quarto colocado na eleição da Fifa. Ele sofreu com a cultura anti-vice que existe no futebol. Foi vice-campeão inglês, da Champions League e do Mundo, sempre com atuações destacadas e a regularidade que marcou seus últimos anos.

Bom, melhor parar de pensar naqueles que poderiam ser eleitos. Kaká e Cristiano Ronaldo, por exemplo, fizeram uma excelente temporada. Mas ainda gostaria de entender uma coisa: se são 164 votantes do mundo todo, por que nenhum jogador que atua fora do continente europeu foi indicado? Vamos lá.

O principal jogador de um time que vence por duas vezes o campeonato continental de clubes e, convocado pela sua seleção, foi o principal jogador e campeão continental de seleções merece algum destaque, não?! Esse jogador foi o meia-atacante Aboutrika, bicampeão da Copa da África e terceiro lugar no Mundial da Fifa pelo Al Alhy e campeão africano de seleções pelo Egito. E antes de pensar no nível do futebol africano, os egípcios despacharam a Costa do Marfim de Didier Drogba e o campeonato ainda tinha Camarões, de Samuel Eto'o.

Já pela América do Sul, Fernandão e Rafael Sobis foram os principais jogadores do Inter na Libertadores, vencida sobre o, até então, campeão mundial São Paulo. Rogério Ceni tem atuações do mesmo nível de Buffon e Cech há dois anos e, assim como Fernandão, foi o capitão de seu time no principal campeonato de clubes da Fifa. E nada.

Definitivamente, premiação não é o negóicio da Fifa.