por Dante Baptista
A tradição se confirma. Assim como Romário (94), Zidane (98) e Ronaldo (02), o zagueiro italiano Fabio Cannavaro foi eleito o melhor do mundo em 2006 pelo seu destaque na Copa do Mundo.
Não contesto a votação de um zagueiro, ainda mais num ano em que os sistemas defensivos foram os destaques, mas Cannavaro não brilhou durante toda a temporada. Fez, no máximo um bom primeiro semestre. Ronaldinho foi melhor e mais regular durante todo o ano. Liderou o Barça na Champions League e no Campeonato Espanhol. Voltou à sua melhor forma no segundo semestre, mas o fracasso na Copa (não só dele, mas da Seleção) foi determinante.
Mas e o Zizou? Pelo conjunto da Obra, pelas partidas memoráveis na fase final do Mundial, tudo bem; mas seu primeiro semestre no Real Madrid foi desastroso. Me vem na cabeça a partida Real Madrid x Arsenal, que o craque francês mal conseguia correr e foi presa fácil para Gilberto Silva. Os Gunners venceram com um gol do seu compatriota, Henry, quarto colocado na eleição da Fifa. Ele sofreu com a cultura anti-vice que existe no futebol. Foi vice-campeão inglês, da Champions League e do Mundo, sempre com atuações destacadas e a regularidade que marcou seus últimos anos.
Bom, melhor parar de pensar naqueles que poderiam ser eleitos. Kaká e Cristiano Ronaldo, por exemplo, fizeram uma excelente temporada. Mas ainda gostaria de entender uma coisa: se são 164 votantes do mundo todo, por que nenhum jogador que atua fora do continente europeu foi indicado? Vamos lá.
O principal jogador de um time que vence por duas vezes o campeonato continental de clubes e, convocado pela sua seleção, foi o principal jogador e campeão continental de seleções merece algum destaque, não?! Esse jogador foi o meia-atacante Aboutrika, bicampeão da Copa da África e terceiro lugar no Mundial da Fifa pelo Al Alhy e campeão africano de seleções pelo Egito. E antes de pensar no nível do futebol africano, os egípcios despacharam a Costa do Marfim de Didier Drogba e o campeonato ainda tinha Camarões, de Samuel Eto'o.
Já pela América do Sul, Fernandão e Rafael Sobis foram os principais jogadores do Inter na Libertadores, vencida sobre o, até então, campeão mundial São Paulo. Rogério Ceni tem atuações do mesmo nível de Buffon e Cech há dois anos e, assim como Fernandão, foi o capitão de seu time no principal campeonato de clubes da Fifa. E nada.
Definitivamente, premiação não é o negóicio da Fifa.
Um comentário:
Linkei este texto lá no Nadando.
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